Lamentável

Injúria racial é investigada no Assis Brasil

Caso ocorreu no horário de intervalo da escola e motivou um protesto de estudantes

Divulgação -

Na última semana, uma estudante do Instituto Estadual de Educação Assis Brasil (IEEAB) afirma ter sido vítima de injúria racial qualificada. Ela relata ter tido uma banana jogada por cima, por alguns colegas da escola. O caso motivou dezenas de alunos do local a se concentrarem em frente ao educandário na manhã de ontem para dizer basta e gritar o óbvio: não há justificativas para o racismo. A investigação tramita na Delegacia da Criança e do Adolescente (DPCA).

Em contato com a escola, o vice-diretor do turno da manhã, Vanderley Pimentel, falou que foi o responsável pelo primeiro acolhimento da jovem. De acordo com ele, a adolescente chegou bastante abatida na Direção e contou que estaria sentada em um banco, logo abaixo de uma janela, quando a fruta teria sido jogada em cima dela.

Depois da tentativa - sem sucesso - de recuperar as imagens, três adolescentes foram até a Direção assumir que a banana teria sido jogada por eles. Entretanto, a versão contada pelo trio é que não foi intencional, já que não olharam para baixo antes de arremessar o alimento - apontado como sobremesa da merenda escolar naquele dia. “Não estamos tomando posição e nem podemos, mas isso que foi falado, quem vai julgar é a Justiça. A escola é antirracista e não será conivente com nenhuma situação discriminatória”, disse Pimentel.

A diretora do departamento pedagógico da 5ª Coordenadoria Regional de Educação (5ªCRE), Marismar Silva, explica que o papel da Coordenadoria, dentro do ponto de vista administrativo, é o de instaurar um processo interno. “Já coletamos as falas da equipe diretiva, da vítima e dos pais dela. Agora, estamos montando um documento que será enviado à Secretaria Estadual de Educação (SES) e lá irão definir o que pode acontecer com os servidores envolvidos”, completou, referindo-se às queixas de relativização de racismo manifestadas no ato de ontem pelos estudantes.

Do ponto de vista pedagógico, a 5ªCRE já começou o trabalho para resgatar a tranquilidade da comunidade no âmbito escolar. “Percebemos que eles [alunos] precisavam ser respeitados pela voz deles, então acompanhamos a organização do protesto e garantimos toda a segurança necessária para o momento”, afirmou Marismar. Em março, todas as Coordenadorias passaram por uma formação antirracista e, em abril, deveriam elaborar um plano de ação com o que foi ensinado. Diante disso, a diretora garante que a situação veio para acelerar as ações que deverão entrar em prática na próxima semana. “Já estávamos nos planejando e agora se tornou crucial”.

De acordo com a responsável pela DPCA, Lisiane Mattarredona, foi instaurado um procedimento de adolescente infrator por injúria racial qualificada e já foi apurado que quem tem envolvimento com o fato são adolescentes e estudantes da própria escola. Ela explica que não se fala em crime, pois adolescentes não respondem por crimes, mas sim por atos infracionais. Outro ponto salientado pela delegada é que o ato foi enquadrado como injúria racial qualificada porque a situação ocorreu com um indivíduo específico, e não uma ofensa direcionada a um grupo, o que poderia configurar racismo. “Nesse momento o que eu posso afirmar é que existe um procedimento de adolescente infrator tramitando na delegacia e estamos dando máxima prioridade para a situação, dada a sua gravidade. Ao final, será remetida ao MP”, afirmou.

A reportagem tentou contato com a vítima, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.

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